Ainda repercutem as palavras de Demóstenes Torres, senador do DEM, que relativiza a escravidão no Brasil, atribui aos escravos cumplicidade com a coisa, minimiza a violência contra as escravas informando sobre a consensualidade na relação sexual (forçada) com os "sinhozinhos" e tenta desqualificar as ações afirmativas, porque estas "não resolveriam o problema".
Na opinião do líder do DEM, nós temos uma "história bonita de miscigenação". Torres chegou a se escudar em Gilberto Freyre para sustentar suas teses. Outros acadêmicos entraram em seu socorro.
É evidente que a verdade dos escritos do intelectual pernambucano foi restabelecida por seus estudiosos e intérpretes. Nada autoriza dizer que Freyre teria sido leniente com o escravismo.
Nenhum defensor das ações afirmativas diz que estas "resolveriam todos os problemas".
O DEM está em encrencado. Em pleno ano de eleição, compondo a coligação de José Serra, deverá explicar a "teoria" de seu senador. Para ele o problema está na pobreza e não na etnia. Pois, bem. Se ele quiser discutir as raizes da pobreza, da concentração de rendas e da exclusão social, estamos abertos. O problema é que o DEM não autorizaria. Isso decifraria o enigma da esfinge do capital.